quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Eu admirava o Hitler!

Esta é, sem sombra de dúvidas, uma das figuras mais detestáveis e repugnantes do século passado, sobre o qual ainda hoje se tecem comentários depreciativos, condenando a sua mente sádica e o impacto destrutivo que teve na europa e no mundo. A esta figura estão associadas palavras tão pesadas como genocídio, xenofobia, psicopatia, sociopatia, loucura, sadismo, morte, destruição, ódio e vergonha. Esta é a figura que todos estudamos na escola como modelo do que não ser e como imagem da mentalidade que não podemos ter! Admitir seguir a sua ideologia seria auto denominar-nos pessoas desprezíveis, retrógradas, más e todo um conjunto de defeitos que ninguém quer carregar na sua imagem social! Por isso andamos até hoje a pregar ideias de "liberdade, igualdade e fraternidade", de "todos diferentes todos iguais" e de "tão humano quanto eu"! Andamos a celebrar o 8 de março, o 1 de junho, o 25 de abril, o 5 de outubro, o 25 de dezembro... e para quê?? Para nos vestirmos de politicamente corretos e mostrarmos ao mundo o quão maravilhosos, altruístas, solidários, evoluídos e mentes abertas somos!
Mas, por "ironia do destino", a vida encarrega-se de nos fazer deparar com situações que vêm testar a solidez ou mesmo a veracidade daquilo que andamos por aí a pregar e a celebrar.
O drama dos refugiados invade-nos as casas num pedido desesperado de ajuda por parte daqueles que fogem da guerra e que procuram salvar, não "apenas" as suas vidas, mas as vidas dos seus familiares que, por sorte ou azar (sabe-se lá o que é pior), ainda estão vivos! Vimos imagens de crianças mortas a dar à costa.. E como é que temos respondido perante tudo isto?? Enquanto num segundo estamos a chorar e a lamentar a morte de crianças inocentes, no outro estamos a dizer para fechar portas e a ignorar essas mesmas crianças pelas quais choramos e, pior ainda, a desprezar aquelas que ainda podem ser ajudadas! É uma xenofobia de tal dimensão instalada, que chega a dar arrepios! E esta xenofobia apresenta-se de várias formas.. Se há os que gritam ódio declarado com comentários como "reativem as câmaras de gás" e "matem esses filhos da puta machistas que vêm violar as nossas mulheres", há os que ainda tentam preservar na imagem que têm de si mesmos alguma dignidade, dizendo que nada têm contra os refugiados, mas que estão profundamente preocupados com a parcela mais desfavorecida da nossa sociedade - aqueles sem abrigo que ontem eram “drogaditos arrumadores de carro” e os beneficiários do RSI mais conhecidos por “calaceiros parasitas que não querem fazer nenhum”. Mas estas classificações preconceituosas e alienadas da realidade sobre os sem-abrigo e os beneficiários do RSI, agora não interessam.. Agora são “coitados”, “desfavorecidos”, “injustiçados”, etc. E porquê?? Porque a fotografia fica muito mais bonita se dissermos que estamos muito preocupados com os nossos desfavorecidos (dos quais nunca quisemos saber e, inclusive, sempre criticamos – mas disso ninguém se lembra), do que assumir este acordar da filosofia hitleriana. É xenofobia sim! É preconceito sim! É uma filosofia hitleriana sim! Custa assumir?? Acredito.. mas basta ver as semelhanças.. O nazismo pregava a superioridade ariana (mais bonitos, mais inteligentes, mais capazes, etc.), enquanto nós pregamos a superioridade europeia (mais civilizados, mais liberais, mais evoluídos, etc.). O nazismo provocou a morte a milhares de judeus por considerar que eles eram nocivos para a sociedade, enquanto nós queremos permitir a morte a milhares de pessoas por considerarmos que vêm para cá destruir a europa. O nazismo matou centenas de crianças em câmaras de gás, enquanto nós queremos deixar morrer centenas das crianças na guerra ou no mar. O nazismo selecionava quem devia viver e quem devia morrer com base na nacionalidade e na religião, enquanto nós pelos vistos queremos fazer exatamente o mesmo.
E para terminar este texto que possivelmente já se está a estender demais, tenho a confessar algo: EU ADMIRAVA O HITLER! Não por ser um psicopata xenófobo que manchou a história da europa com sangue de milhões de inocentes, mas porque me impressionava a sua inteligência e capacidades de persuasão e retórica, que fizeram milhares de pessoas acreditar em algo tão estúpido e irrisório como a ideologia nazi.
Mas depois disto, digo-vos: afinal o homem não era assim tão inteligente e persuasivo.. Ele apenas reforçou o preconceito que já existia na sociedade e que, pelos vistos, continua a existir, mesmo que de uma forma mais camuflada. Deixei de o admirar! Afinal ele não fez nada de especial no que toca a mudar mentalidades.. Mas, sinceramente, preferia ainda admirá-lo, pois seria sinal que a xenofobia se tratava de uma manipulação em massa que marcou o século XX e não de uma praga instalada e enraizada ainda nos dias de hoje, sabe-se lá até quando!

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