quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Parece que a revista ELLE lançou um qualquer artigo intitulado de "Como ser uma verdadeira dama do século XXI", no qual enumera uma série de dedicas/regras sobre as quais as mulheres se devem reger, se quiserem ser dignas de respeito e estatuto.

Impressionante como inventam regras para tudo!
Ser uma dama do seculo XXI deveria passar tão e somente por ser autêntica, dentro dos limites do respeito pelo outro, do bom senso e da busca pela felicidade que, por sua vez, pode ser alcançada de diversas formas.. 
Cada mulher é um ser singular, com formas próprias de encontrar a felicidade. Há quem queira um homem para a vida e quem queira viver uma série de experiências. Há quem anseie construir um lar e quem sonhe deambular pelo mundo. Há quem procure estabilidade e quem procure aventura. E nenhum destes desejos é mais ou menos digno que o outro...Cada um é livre de fazer as suas escolhas, desde que não invada a liberdade do outro! Por isso parem de bombardear as mulheres como "mimimis" do que fazer, de como ser e de como se comportar.
Cada mulher tem o seu encanto. Há mulheres doces encantadoras e mulheres determinadas que arrasam por onde passam. Há mulheres habilidosas que impressionam pela sua capacidade de se desenrascarem sozinhas e mulheres que não sabem espetar um prego, mas que cativam pela forma atrapalhada de estar e de pedir ajuda. Há mulheres para tudo que e tipo e gosto.. nenhuma menos mulher que a outra. 
Por isso sejam felizes e não busquem ser a mulher perfeita que cozinha, trabalha, cuida dos filhos, vai ao ginásio,está sempre maquilhada, nunca se engasga em público, não tem brancas nem pontas espigadas e que consegue matar um leão por dia de unhas vermelhas e de salto alto. Isso simplesmente não existe!

Eu admirava o Hitler!

Esta é, sem sombra de dúvidas, uma das figuras mais detestáveis e repugnantes do século passado, sobre o qual ainda hoje se tecem comentários depreciativos, condenando a sua mente sádica e o impacto destrutivo que teve na europa e no mundo. A esta figura estão associadas palavras tão pesadas como genocídio, xenofobia, psicopatia, sociopatia, loucura, sadismo, morte, destruição, ódio e vergonha. Esta é a figura que todos estudamos na escola como modelo do que não ser e como imagem da mentalidade que não podemos ter! Admitir seguir a sua ideologia seria auto denominar-nos pessoas desprezíveis, retrógradas, más e todo um conjunto de defeitos que ninguém quer carregar na sua imagem social! Por isso andamos até hoje a pregar ideias de "liberdade, igualdade e fraternidade", de "todos diferentes todos iguais" e de "tão humano quanto eu"! Andamos a celebrar o 8 de março, o 1 de junho, o 25 de abril, o 5 de outubro, o 25 de dezembro... e para quê?? Para nos vestirmos de politicamente corretos e mostrarmos ao mundo o quão maravilhosos, altruístas, solidários, evoluídos e mentes abertas somos!
Mas, por "ironia do destino", a vida encarrega-se de nos fazer deparar com situações que vêm testar a solidez ou mesmo a veracidade daquilo que andamos por aí a pregar e a celebrar.
O drama dos refugiados invade-nos as casas num pedido desesperado de ajuda por parte daqueles que fogem da guerra e que procuram salvar, não "apenas" as suas vidas, mas as vidas dos seus familiares que, por sorte ou azar (sabe-se lá o que é pior), ainda estão vivos! Vimos imagens de crianças mortas a dar à costa.. E como é que temos respondido perante tudo isto?? Enquanto num segundo estamos a chorar e a lamentar a morte de crianças inocentes, no outro estamos a dizer para fechar portas e a ignorar essas mesmas crianças pelas quais choramos e, pior ainda, a desprezar aquelas que ainda podem ser ajudadas! É uma xenofobia de tal dimensão instalada, que chega a dar arrepios! E esta xenofobia apresenta-se de várias formas.. Se há os que gritam ódio declarado com comentários como "reativem as câmaras de gás" e "matem esses filhos da puta machistas que vêm violar as nossas mulheres", há os que ainda tentam preservar na imagem que têm de si mesmos alguma dignidade, dizendo que nada têm contra os refugiados, mas que estão profundamente preocupados com a parcela mais desfavorecida da nossa sociedade - aqueles sem abrigo que ontem eram “drogaditos arrumadores de carro” e os beneficiários do RSI mais conhecidos por “calaceiros parasitas que não querem fazer nenhum”. Mas estas classificações preconceituosas e alienadas da realidade sobre os sem-abrigo e os beneficiários do RSI, agora não interessam.. Agora são “coitados”, “desfavorecidos”, “injustiçados”, etc. E porquê?? Porque a fotografia fica muito mais bonita se dissermos que estamos muito preocupados com os nossos desfavorecidos (dos quais nunca quisemos saber e, inclusive, sempre criticamos – mas disso ninguém se lembra), do que assumir este acordar da filosofia hitleriana. É xenofobia sim! É preconceito sim! É uma filosofia hitleriana sim! Custa assumir?? Acredito.. mas basta ver as semelhanças.. O nazismo pregava a superioridade ariana (mais bonitos, mais inteligentes, mais capazes, etc.), enquanto nós pregamos a superioridade europeia (mais civilizados, mais liberais, mais evoluídos, etc.). O nazismo provocou a morte a milhares de judeus por considerar que eles eram nocivos para a sociedade, enquanto nós queremos permitir a morte a milhares de pessoas por considerarmos que vêm para cá destruir a europa. O nazismo matou centenas de crianças em câmaras de gás, enquanto nós queremos deixar morrer centenas das crianças na guerra ou no mar. O nazismo selecionava quem devia viver e quem devia morrer com base na nacionalidade e na religião, enquanto nós pelos vistos queremos fazer exatamente o mesmo.
E para terminar este texto que possivelmente já se está a estender demais, tenho a confessar algo: EU ADMIRAVA O HITLER! Não por ser um psicopata xenófobo que manchou a história da europa com sangue de milhões de inocentes, mas porque me impressionava a sua inteligência e capacidades de persuasão e retórica, que fizeram milhares de pessoas acreditar em algo tão estúpido e irrisório como a ideologia nazi.
Mas depois disto, digo-vos: afinal o homem não era assim tão inteligente e persuasivo.. Ele apenas reforçou o preconceito que já existia na sociedade e que, pelos vistos, continua a existir, mesmo que de uma forma mais camuflada. Deixei de o admirar! Afinal ele não fez nada de especial no que toca a mudar mentalidades.. Mas, sinceramente, preferia ainda admirá-lo, pois seria sinal que a xenofobia se tratava de uma manipulação em massa que marcou o século XX e não de uma praga instalada e enraizada ainda nos dias de hoje, sabe-se lá até quando!

Criminalização do piropo: até que enfim!

Uma vista de olhos superficial por esta questão pode levar a interpretações de exagero, mesquinhice e 'manias de feministas'. Mas tudo isto se esbate quando percebemos que, não uma, não duas, mas várias pessoas, consideram que um decote mais pronunciado ou uma mini saia mais curta são pedidos de violação. A par disto, ainda consideram normal, engraçado e nada desrespeitoso comentários como "sobe-me à palmeira e lambe-me os côcos", "diz-me quem é o teu ginecologista para eu lhe lamber os dedos", "queres pela frente ou queres por trás?" ou ainda "com um cuzinho desses deves cagar bombons".
Isto até podia ser motivo para rir, se não fosse um reflexo tão nitido e assustador do machismo que existe em tantas cabeças, incluindo femininas... machismo esse que nos limita, a nós mulheres, no exercício de pequenas liberdades que nos são retiradas todos os dias.

  • Qual a mulher que nunca deu por si a mudar de passeio ou mesmo a optar pelo caminho mais longo até casa, só para não passar pelo desconforto de ouvir um comentário 'engraçado'? 
  • Qual a mulher que nunca pediu a um amigo homem, sublinhe-se, sem segundas intenções, para a levar até casa, por ter medo de andar sozinha na rua? 
  • Qual a mulher que nunca, mesmo sendo habitualmente simpática, fez 'cara de má' ao passar por um grupo de homens que não pôde evitar? 
FODA-SE! Perante isto não venham dizer que é exagero!

É triste ter que falar da mulher enquanto pertença de alguém.. ter que remeter ao orgulho ferido de um pai ou de um irmão quando a filha ou a irmã são desrespeitadas... como se a mulher, os seus sentimentos e a sua dignidade, não valessem por si só. Mas se só assim alguns percebem, que assim seja:

  • Imagina a tua filha de 12 anos, que já tem peito, mas que continua a ser uma criança e a menina dos teus olhos, passar na rua de bicicleta e ouvir de um velho tarado: 'quem me dera ser selim'!
  • Imagina a tua irmã numa discoteca, a pedir educadamente a um melga que não a larga para se afastar, e ser chamada de vaca, frígida, frustrada e mal comida.
  • Imagina a tua filha de 20 anos numa entrevista de emprego, a ouvir do possível patrão que ficaria muito bem de mini-saia.
  • Imagina a tua irmã mais nova, por volta dos 14 anos, a ouvir dos colegas de turma a imensidão de coisas nojentas que fariam com ela.
  • Imagina a tua filha de 13 anos a vestir uns calções num dia de calor para ir a praia com as amigas, e ouvir de um porco qualquer que esta a pedir para ser comida!
Meus caros: se não querem que as vossas filhas, as vossas mulheres, as vossas namoradas, as vossas irmãs, as vossas sobrinhas ou as vossas amigas passem por estes momentos constrangedores e humilhantes, ao invés de lhes dizerem para não vestirem calções, para não frequentarem discotecas e para não darem muita confiança ao sexo masculino, digam aos vossos filhos, aos vossos maridos, aos vossos namorados, aos vossos irmãos, aos vossos sobrinhos e aos vossos amigos que acreditam que os homens são capazes. Mas capazes de quê? Simples: não é assim tão difícil se comportar como um homem civilizado que respeita a dignidade feminina, ao invés de se comportar como um animal instintivo ou uma besta sem auto-controlo. Só os que acham difícil, condenam esta lei.. os que não acham, apenas lamentam ser necessário incluir no código
penal uma norma para a qual deveria chegar o bom senso!